Não existe Dia das Bruxas/Halloween sem um bom filme de terror. Por isso, resgatamos uma seleção da Time Out com os melhores filmes do gênero em todos os tempos. Neste mês de outubro, o tradicional guia britânico Time Out atualizou sua lista de 100 títulos do cinema de horror, mantendo “O Exorcista” na primeira colocação.
Participaram da votação críticos, especialistas e aficionados do gênero, como o escritor Stephen King, o cineasta Guillermo del Toro (de “Frankenstein”, em cartaz nos cinemas), o ator e roteirista Simon Pegg (da comédia de zumbis “Todo Mundo Quase Morto”) e o músico Alice Cooper.
Os grandes filmes de terror transcendem as convenções do gênero e vão muito além dos “jump scares”. Com ou sem sustos, violência de mais ou de menos, o cinema de horror já faz parte da cultura popular. Suas imagens chocantes, personagens icônicos e cenas de tensão servem de estímulos a nossos medos, que vão dos mais secretos aos universais.
Partindo do universo fantástico ou de situações reais, os filmes de terror podem extrair do público respostas emocionais que vão do medo e o frio na barriga, até a repulsa e sensação de desconforto, com o coração acelerado.
Em seu livro de não-ficção “Dança Macabra” (1981), King analisa o gênero que ajudou a popularizar, resumindo-o de forma brilhante: “Eu reconheço o terror como a melhor das emoções e por isso vou tentar aterrorizar o leitor. Mas se eu descobrir que não vou conseguir, vou tentar horrorizá-lo; e se descobrir que não posso horrorizá-lo, vou enojá-lo. Não me orgulho disso”.
Ao longo da história, o terror no cinema tem evoluído para diferentes formas e subgêneros: horror gótico, giallo, “slasher”, “terrir” (cômico), “torture porn”, “trash” e o popular “found footage”. A atmosfera e tensão de uma boa história de horror podem invadir o terreno de outros gêneros, como a ficção-científica: “Alien, o Oitavo Passageiro” (1979) e “O Enigma de Outro Mundo” (1982), por exemplo, são tão horripilantes quanto qualquer clássico de terror e, não à toa, integram os primeiros lugares da lista da Time Out a seguir.
1º
O EXORCISTA (1973)

Baseado no best seller de William Peter Blatty, o clássico dirigido por William Friedkin (“Operação França”) elevou o cinema de horror a outro patamar. Seu relato da possessão de Regan (Linda Blair) entrou para a história, com uso inovador da maquiagem e do som.
Maior bilheteria do gênero em todos os tempos (até ter o recorde quebrado por “It – A Coisa”, em 2017), foi também o primeiro terror indicado ao Oscar de Melhor Filme. Concorreu em dez categorias e levou duas estatuetas da Academia: Melhor Roteiro Adaptado (escrito pelo próprio Blatty) e Melhor Som.
2º
O ILUMINADO (1980)

Stanley Kubrick foi além dos elementos sobrenaturais do romance homônimo de Stephen King, trazendo à tona camadas de subtexto como alcoolismo, claustrofobia, isolamento e violência doméstica.
Com inovador uso de tomadas em Steadycam e do som, o genial diretor criou uma atmosfera angustiante e cenas antológicas, como o elevador que jorra sangue e a sequência em que Jack Nicholson ameaça sua esposa com um machado, sob o ameaçador grito de “Aquiiiiii estááá Johnny!”.
3º
O MASSACRE DA SERRA ELÉTRICA (1974)

Livremente inspirado no serial killer Ed Gein, o filme de Tobe Hooper é uma das produções independentes mais lucrativas da história. Sua estética suja e realista, com cenas de violência explícita, estabeleceu as bases do cinema “slasher”.
O enredo? Um grupo de jovens viaja para uma cidade no interior do Texas e acaba atacado por uma família de canibais que inclui Leatherface. Simplesmente um ícone do gênero, com sua motosserra e uma máscara feita com a pele facial de suas vítimas.
4º
ALIEN – O OITAVO PASSAGEIRO (1979)

Em seu segundo longa na direção, Ridley Scott revitalizou o subgênero de “terror no espaço” com um dos alienígenas mais ameaçadores do cinema. Mérito do artista plástico suíço H.R. Giger, responsável pelo design do monstro espacial.
Com Sigourney Weaver eternizada no papel da heroína Ripley, “Alien” comprova que o terror pode se propagar em diferentes cenários e estilos. Até hoje é difícil esquecer o impacto da cena do hospedeiro que emerge da barriga do ator John Hurt.
5º
PSICOSE (1960)

Ed Gein inspirou não só “O Massacre da Serra Elétrica” mas este clássico de Alfred Hitchcock baseado no livro de Robert Bloch. O mestre do suspense se reinventou com um filme repleto de transgressões que surpreenderam público e crítica na época de seu lançamento.
Uma delas foi assassinar a protagonista Marion Crane (Janet Leigh) antes da metade da projeção, na inesquecível sequência do chuveiro. Brilhantemente coreografada e editada, a cena entrou para a história do cinema, assim como o psicopata Norman Bates, interpretado por Anthony Perkins.
6º
O ENIGMA DE OUTRO MUNDO (1982)

Cultuado por fãs de sci-fi e terror, John Carpenter costuma imprimir sua assinatura contestadora e estilo seminal ao chamado “filme de gênero”. É o que ele faz com maestria nesta refilmagem de “O Monstro do Ártico” (1951).
Com atmosfera asfixiante e impressionantes efeitos de maquiagem criados por Rob Bottin, o filme vai fundo na mutação de corpos, com as aparições de um ser alienígena capaz de assumir a forma de suas vítimas.
Fracasso no seu lançamento, o filme impressiona até hoje com criaturas repulsivas, criadas numa era pré-computação gráfica.
7º
O BEBÊ DE ROSEMARY (1968)

Roman Polanski é um especialista em explorar o macabro escondido no cotidiano, naquilo que parece comum ou trivial. Se em “Repulsa ao Sexo” (1965), ele mergulhou na psique de uma mulher reprimida sexualmente, em “O Bebê de Rosemary” a gravidez é que vira um pesadelo.
À medida que a Rosemary de Mia Farrow desconfia que seus vizinhos e o marido são satanistas — e o seu futuro bebê, produto desse mal —, Polanski introduz ambiguidade, a partir do que pode (ou não) ser alucinação da protagonista. Um clássico do horror, adaptado do livro de Ira Levin.
8º
HALLOWEEN — A NOITE DO TERROR (1978)

Ao custo de 300 mil dólares, o filme dirigido e escrito por John Carpenter rendeu US$ 47 milhões somente nos EUA, dando início a inúmeras continuações e uma enxurrada de slashers como “Sexta-Feira 13”, produções caracterizadas pela presença de um assassino em série que mata adolescentes de forma brutal.
É o caso de Michael Myers, um maníaco de máscara branca que consegue fugir do sanatório e retornar a sua cidade para um banho de sangue… na noite de Halloween. No papel da mocinha Laurie Strode, Jamie Lee Curtis se tornou musa do gênero. E não dá pra esquecer a inconfundível trilha sonora composta por Carpenter.
9º
DESPERTAR DOS MORTOS (1978)

Na lista não poderia faltar o nome de George A. Romero, diretor do primeiro grande filme de zumbis da história, “A Noite dos Mortos Vivos” (1968). Dez anos depois, “Despertar dos Mortos” é uma continuação do clássico, com produção mais elaborada e forte crítica social.
Na trama, um grande shopping center serve de refúgio para um grupo de humanos que tenta sobreviver em pleno apocalipse zumbi. Os mortos-vivos que irrompem no local são a metáfora perfeita para Romero expor o consumismo capitalista. Destaque ainda para os efeitos “gore” de Tom Savini, um mestre da maquiagem de terror.
10º
TUBARÃO (1975)

Poucas vezes na história do cinema um filme foi tão identificado com sua música quanto “Tubarão”. A espetacular trilha sonora de John Williams — premiada com o Oscar, assim como a edição e o som —, define toda a tensão inerente às poucas (e pontuais) aparições do predador do título.
Enroscado na produção mais atribulada de sua carreira — incluindo um tubarão mecânico que deixava a desejar —, Steven Spielberg reverteu todas as expectativas com o primeiro “blockbuster” (filme-evento) de verão, mudando Hollywood para sempre.
Confira as demais colocações, do 11º ao 100º lugar da lista, no website da Time Out
Pesquisa e texto: Eduardo Lucena



