Dirigido e escrito por Osgood Perkins, “Longlegs – Vínculo Mortal” apresenta uma das caracterizações mais impressionantes de Nicolas Cage. A equipe de makeup artists formada por Felix Fox, Harlow MacFarlane, Werner Pretorius e Madelaine Hermans, além da hair stylist Kristin Chaar, conseguiu deixar o astro irreconhecível — e uma presença ameaçadora — no longa de terror psicológico agora disponível no Prime Video.
Filho de Anthony Perkins, que ficou imortalizado no papel de Norman Bates em “Psicose”, Osgood trabalhou como ator e dirigiu três filmes de terror (“A Enviada do Mal”, “O Último Capítulo”, “Maria e João – O Conto das Bruxas”) antes de chamar a atenção do público com “Longlegs”, produção de baixo orçamento que surpreendeu nas bilheterias americanas no ano passado, arrecadando mais de US$ 120 milhões mundialmente (para um custo de apenas US$ 10 milhões).
Estruturado como um thriller de investigação com toques de terror sobrenatural, o filme é ambientado na década de 1990 e acompanha Lee Harker (Maika Monroe, de “Corrente do Mal”), uma agente do FBI em busca do assassino em série apelidado de Longlegs (ou “Pernas Longas”, em tradução livre). Como em clássicos thrillers dos anos 1990 (“Silêncio dos Inocentes”, “Se7en – Os Sete Crimes Capitais”, “Beijos que Matam”), “Longlegs” investe na atmosfera para construir sua tensão constante, mantendo nas sombras, ou expondo ao mínimo possível, a figura de seu serial killer.


O misterioso vilão não demora a aparecer, surgindo logo no início em um flashback ambientado nos anos 1970, mas dificilmente alguém diria que ele é interpretado por Nicolas Cage se o ator não tivesse sido anunciado no elenco. Mérito do departamento de maquiagem e cabelo da produção, que transformou o excêntrico astro, em sessões que duravam até 2 horas e meia de aplicação toda manhã, em um dos personagens mais bizarros da sua carreira.
Cage desaparece na pele de Longlegs, um homem de aparência deformada, provavelmente pelo excesso de cirurgias plásticas mal feitas — segundo o diretor-roteirista, num esforço para se manter jovem e agradar Satanás. O cabelo esvoaçante e roupas tiveram como inspiração o cantor britânico Marc Bolan (1947-1977), da banda de glam rock T. Rex, e a maquiagem branca exagerada evoca tanto o Bob Dylan da turnê Rolling Thunder Revue como o ator Lon Chaney no clássico “O Fantasma da Ópera” de 1925.
Referências:


Chefe do departamento de maquiagem, a special effects makeup Felix Fox (@felixfoxw) utilizou maquiagem protética de silicone em sete partes do rosto do ator: bochechas esquerda e direita, lábios superior e inferior, testa, queixo e nariz. Segundo Fox (confira entrevista dela aqui), o departamento partiu de quatro designs e, após vários testes, decidiram por uma caracterização mais extrema e desfigurada para o personagem.
Mistura de roqueiro demente com o “Fofão da Augusta“ — folclórico artista de rua de São Paulo que preencheu as bochechas com cerca de meio litro de silicone —, Longlegs prova a importância de uma caracterização marcante que se destaca e extrapola o próprio filme. Graças ao trabalho brilhante de toda uma equipe de maquiagem e cabelo — mais o talento de Cage, que rouba a cena —, o personagem entrou para o imaginário dos fãs de terror, virou meme e até tutorial de maquiagem no TikTok e Instagram para o Halloween.

CURIOSIDADE:
Osgood Perkins evitou gravar qualquer cena entre Cage e Monroe até o final, justamente a sequência na sala de interrogatório do FBI, quando seus personagens ficam cara a cara pela primeira vez. A reação de espanto e surpresa da atriz ao ver Longlegs é genuína, já que até aquela gravação ela ainda não tinha visto Cage caracterizado como o vilão. A presença de Cage em cena é perturbadora e eleva um filme de serial killer que poderia ser apenas banal.
Pesquisa e texto: Eduardo Lucena