Lançado em março nos cinemas brasileiros, “Branca de Neve” pode ser visto na plataforma de streaming Disney+. A nova versão live-action de um desenho da Disney causou polêmica nas redes sociais, com muitas críticas ao corte de cabelo usado pela atriz Rachel Zegler no papel-título.
O filme é uma versão modernizada do conto original dos Irmãos Grimm, e naturalmente teve como inspiração maior o desenho “Branca de Neve e os Sete Anões”, de 1937.
Mas, como a internet não perdoa, muita gente não se deu ao trabalho de revisitar ou lembrar do original da Disney lançado há quase 100 anos, comparando o look da nova Branca de Neve com o cabelo usado por Maya Erskine na série “Pen15“, de 2019, ou ao bizarro “corte tigela” de Javier Bardem no filme “Onde os Fracos Não Têm Vez”, de 2007.






Críticas à parte, a hair and makeup designer Nadia Stacey (@nadiastaceyhairmakeupdesign) – vencedora do Oscar por “Pobres Criaturas”, no ano passado – e o cabelereiro responsável por Zegler, Niall Monteith-Mann (@niallmannmakeup), usaram a animação clássica de 1937 como referência principal para essa que é uma das mais queridas princesas da Disney.
A verdade – segundo explicou Stacey em seu Instagram – é que Zegler teve seu cabelo cortado ao estilo do icônico look da Branca de Neve da animação e, somente para a gravação de cenas adicionais ou reshoot, é que a atriz usou a peruca criada por Samuel James, que já havia trabalhado com ela em “Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes”, de 2023. O trabalho incrível do estúdio Samuel James Wigs pode ser visto também nas mais de 3000 perucas usadas pelo cast do filme “Wicked“, lançado no ano passado.
Celebrado peruqueiro da Inglaterra, James criou ainda duas perucas para Gal Gadot, sendo uma para sua Rainha Má obcecada pela própria beleza, e outra para sua caracterização da bruxa que oferece a maçã envenenada para Branca de Neve. A equipe de maquiagem chefiada por Mark Coulier levou cerca de 4 horas para transformar Gadot na Rainha Má envelhecida, incluindo impressionantes próteses de dedos ossudos. Por seu trabalho, Coulier pode ser lembrado novamente pelo Oscar na categoria de Melhor Maquiagem e Cabelo, prêmio que já levou três vezes – uma delas ao lado de Nadia Stacey, por “Pobres Criaturas”, no ano passado.






Dirigida por Mark Webb (de “O Espetacular Homem-Aranha”), a nova versão de “Branca de Neve” teve uma produção atribulada que se estendeu por quatro anos, desde a pandemia de Covid-16, passando pela greve dos roteiristas de Hollywood, em 2023, até a regravação de cenas (a famosa reshoot) em 2024. Para piorar, o filme foi lançado em meio a várias polêmicas envolvendo Zegler.
Revelada por Steven Spielberg em “Amor, Sublime Amor”, de 2021, a jovem atriz se tornou o centro das críticas, principalmente por não ter a pele alva da princesa e por sua ascendência latino-americana (sua mãe é colombiana), mais um exemplo de preconceito disseminado nas redes sociais.
Muitos se esquecem que a caracterização mais despojada de Branca de Neve – parecendo mais uma serva e menos alguém da realeza – serve a um propósito maior na história: a de que a verdadeira beleza vem de dentro.

Fotos: Instagram samuel_james_wigs
Pesquisa e texto: Eduardo Lucena