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‘Ainda Estou Aqui’ faz história e Brasil leva finalmente o Oscar, já ‘Anora’ domina as principais categorias

‘Ainda Estou Aqui’ faz história e Brasil leva finalmente o Oscar, já ‘Anora’ domina as principais categorias

A temporada de premiações chegou ao fim com a 97ª edição do Oscar realizada neste domingo (2/3), no Dolby Theatre, em Los Angeles. A cerimônia dos prêmios da Academia de Hollywood foi acompanhada por milhões de brasileiros na torcida pelo filme dirigido por Walter Salles.

Drama sobre a advogada e ativista Eunice Paiva (1929-2018) — brilhantemente interpretada por Fernanda Torres —, “Ainda Estou Aqui” já levou mais de 5 milhões de espectadores aos cinemas brasileiros e virou um símbolo da luta contra a ditadura e regimes autoritários. Além de se tornar a quinta maior bilheteria da história do cinema nacional.

Walter Salles e Fernanda Torres no tapete vermelho do Oscar – o diretor dedicou o prêmio a Eunice Paiva e a Torres e sua mãe, Fernanda Montenegro, estrela de “Central do Brasil”

26 anos depois de “Central do Brasil”, Salles voltou a disputar a categoria de Melhor Filme Internacional (antes chamada de Melhor Filme Estrangeiro) com “Ainda Estou Aqui”, que conseguiu superar o inicialmente favorito “Emilia Pérez”, representante da França indicado em 13 categorias. Premiado no Festival de Cannes, o drama musical francês foi perdendo força em meio a declarações polêmicas de sua atriz principal (Karla Sofia Gaston) e de seu diretor (Jacques Audiard), terminando com duas estatuetas — Melhor Atriz Coadjuvante (para Zoe Saldaña) e Melhor Canção Original. 

Antes de “Ainda Estou Aqui”, somente três produções latino-americanas levaram o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro (hoje chamada de Melhor Filme Internacional) em 62 anos do prêmio: “A História Oficial”, representante da Argentina, em 1986, “O Segredos dos Seus Olhos”, segundo prêmio do país, em 2010, e “Uma Mulher Fantástica”, pelo Chile, em 2018.

Com a festa do Oscar na mesma noite de um dos dias de Carnaval no Brasil, milhares de foliões comemoraram nas ruas a primeira vitória de um filme nacional no Oscar. E restavam ainda mais duas chances para “Ainda Estou Aqui”.

Repetindo o feito de sua mãe, Fernanda Montenegro (indicada por “Central do Brasil” em 1999), Torres concorreu a Melhor Atriz mas perdeu o prêmio para Mikey Madison, jovem atriz de “Anora” revelada por Quentin Tarantino em “Era uma Vez em Hollywood” (2019). Foi uma das grandes surpresas da noite, já que a favorita era Demi Moore, premiada antes com o Globo de Ouro e o SAG pelo terror “A Substância”, reconhecido na categoria de Melhor Maquiagem e Cabelo, marcando a primeira vitória da plataforma de streaming MUBI.

“Ainda Estou Aqui” conseguiu algo ainda mais difícil (e inédito), ao se tornar o primeiro longa-metragem brasileiro indicado ao Oscar de Melhor Filme, prêmio que acabou indo para “Anora”, o grande vencedor da noite, com cinco estatuetas em seis indicações. Vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes, no ano passado, o longa independente valeu a Sean Baker o recorde individual de quatro Oscars pelo mesmo filme, como coprodutor, diretor, montador e roteirista.

Desde sua estreia na direção de longa-metragem, com “Prince of Broadway” (2008), passando por “Tangerina” (2015, filmado com um iPhone 5S) e “Projeto Flórida” (2017), Baker tem mostrado especial empatia por personagens à margem da sociedade norte-americana.

Com a vitória arrasadora de “Anora”, uma produção indie de US$ 6 milhões — custo irrisório para o cinema hollywoodiano —, o Oscar deste ano vai ficar marcado pelos azarões, outsiders e produções fora dos grandes estúdios de Hollywood. Como “Ainda Estou Aqui”, que superou a barreira do idioma português; o vencedor de Melhor Animação “Flow”, primeiro filme da Letônia a ganhar um Oscar; e “Sem Chão” (No Other Land), premiado como Melhor Documentário.

Filme-denúncia dirigido por um coletivo de diretores israelenses e palestinos, “Sem Chão” mostra a demolição de casas palestinas na Cisjordânia pelo exército israelense

Adrien Brody recebeu seu segundo Oscar de Melhor Ator (o primeiro foi por “O Pianista”, em 2003), pelo papel de um arquiteto húngaro em “O Brutalista”, saga épica que levou mais duas estatuetas Melhor Fotografia e Melhor Trilha Sonora. E, vale a pena mencionar a vitória histórica de Paul Tazewell, primeiro homem negro premiado na categoria de Melhor Figurino, por seu incrível trabalho em “Wicked” (o musical foi lembrado ainda em Melhor Desenho de Produção).

Durante o segmento In Memoriam, bloco da cerimônia que relembra artistas da indústria do cinema e TV que nos deixaram, Morgan Freeman homenageou Gene Hackman, lendário ator e ícone da Nova Hollywood com quem contracenou no faroeste “Os Implacáveis” (1992).

Hackman, aos 95 anos, e sua esposa, a pianista Betsy Arakawa, de 64, foram encontrados mortos no rancho do ator, na madrugada de 27/2 em Santa Fé (Novo México, EUA), sob circunstâncias misteriosas (mas sem indícios de crime) ainda em investigação. Hackman levou dois Oscars, como Melhor Ator, pelo policial “Operação França”, em 1972, e como Melhor Ator Coadjuvante, por “Os Imperdoáveis”, em 1993.

Gene Hackman em “Os Excêntricos Tenenbaums”, “Operação França” e “Superman – O Filme”, como o célebre vilão Lex Luthor

Em seis décadas de carreira, o ator emprestou sua autoridade e carisma para vários clássicos do cinema, como “Bonnie e Clyde: Uma Rajada de Balas” (1967), “O Espantalho” (1973), “A Conversação” (1974), “Superman: O Filme” (1978) e “Mississippi em Chamas” (1988). O patriarca de “Os Excêntricos Tenenbaums” (2001), dirigido por Wes Anderson, foi um de seus últimos grandes papeis, até anunciar sua aposentadoria em 2008.

MELHOR FILME

“Conclave”
“Emilia Pérez”
“Anora” (VENCEDOR)
“A Substância”
“O Brutalista”
“Duna: Parte II”
“Ainda Estou Aqui”
“Nickel Boys”
“Um Completo Desconhecido”
“Wicked”

MELHOR DIREÇÃO
Sean Baker, “Anora” (VENCEDOR)
Brady Corbet, “O Brutalista”
James Mangold, “Um Completo Desconhecido”
Jacques Audiard, “Emilia Pérez”
Coralie Fargeat, “A Substância”

Sean Baker (Melhor Produtor, Diretor, Montador e Roteirista), Mikey Madison (Melhor Atriz) e Adrien Brody (Melhor Ator)

MELHOR ATRIZ
Fernanda Torres – “Ainda Estou Aqui”
Cynthia Erivo – “Wicked”
Demi Moore – “A Substância”
Mikey Madison – “Anora” (VENCEDORA)
Karla Sofía Gascón – “Emilia Pérez”

MELHOR ATOR
Adrien Brody – “O Brutalista” (VENCEDOR)
Timothée Chalamet – “Um Completo Desconhecido”
Colman Domingo – “Sing Sing”
Ralph Fiennes – “Conclave”
Sebastian Stan – “O Aprendiz”

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Monica Barbaro – “Um Completo Desconhecido”
Ariana Grande – “Wicked”
Felicity Jones – “O Brutalista”
Isabella Rossellini – “Conclave”
Zoe Saldaña – “Emilia Pérez” (VENCEDORA)

MELHOR ATOR COADJUVANTE
Yura Borisov – “Anora”
Kieran Culkin – “A Verdadeira Dor” (VENCEDOR)
Edward Norton – “Um Completo Desconhecido”
Guy Pearce – “O Brutalista”
Jeremy Strong – “O Aprendiz”

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
“Anora” (VENCEDOR)
“September 5”
“A Verdadeira Dor”
“A Substância”
“O Brutalista”

Ao longo da história, apenas três filmes conseguiram ganhar a Palma de Ouro e depois o Oscar de Melhor Filme: “Farrapo Humano” (1945), “Parasita” (2019) e agora “Anora” (2024).

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
“Um Completo Desconhecido”
“Conclave” (VENCEDOR)
“Emilia Pérez”
“Sing Sing”
“Nickel Boys”

MELHOR MONTAGEM
“Anora” (VENCEDOR)
“O Brutalista”
“Conclave”
“Emilia Pérez”
“Wicked”

MELHOR FOTOGRAFIA
“O Brutalista” (VENCEDOR)
“Duna: Parte II”
“Emilia Pérez”
“Maria”
“Nosferatu”

MELHOR MAQUIAGEM E CABELO
“Um Homem Diferente”
“Emilia Pérez”
“Nosferatu”
“Wicked”
“A Substância” (VENCEDOR) Confira texto completo sobre o trabalho da equipe francesa

DICA DA MIRELLA: Confira abaixo featurette da Academia de Hollywood com alguns dos adereços, perucas e próteses usados nos filmes que concorreram na categoria:

MELHOR FIGURINO
“Um Completo Desconhecido”
“Conclave”
“Gladiador II”
“Nosferatu”
“Wicked” (VENCEDOR)

MELHOR DESIGN DE PRODUÇÃO
“O Brutalista”
“Conclave”
“Duna: Parte II”
“Nosferatu”
“Wicked” (VENCEDOR)

MELHOR TRILHA SONORA
“O Brutalista” (VENCEDOR)
“Conclave”
“Emilia Pérez”
“Wicked”
“Robô Selvagem”

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
“El Mal” (“Emilia Pérez”) VENCEDOR
“The Journey” (“The Six Triple Eight”)
Like a Bird” (“Sing Sing”)
“Mi Camino” (“Emilia Pérez”)
“Never Too Late” (“Elton John: Never Too Late”)

MELHOR SOM
“Um Completo Desconhecido”
“Duna: Parte II” (VENCEDOR)
“Emilia Pérez”
“Wicked”
“Robô Selvagem”

MELHORES EFEITOS VISUAIS
“Alien: Romulus”
“Better Man”
“Duna: Parte II” (VENCEDOR)
“Planeta dos Macacos: O Reinado”
“Wicked”

MELHOR LONGA DE ANIMAÇÃO
“Flow” (VENCEDOR)
“Divertida Mente 2”
“Memórias de um Caracol”
“Wallace & Gromit: Vingança das Aves”
“Robô Selvagem”

MELHOR FILME INTERNACIONAL

“Emilia Pérez”
“Ainda Estou Aqui” (VENCEDOR)
“A Semente do Fruto Sagrado”
“A Garota da Agulha”
“Flow”

MELHOR DOCUMENTÁRIO
“Black Box Diaries”
“Sem Chão” (VENCEDOR)
“Guerra da Porcelana”
“Trilha Sonora para um Golpe de Estado”
“Sugarcane”

MELHOR DOCUMENTÁRIO EM CURTA-METRAGEM
“Death by Numbers”
“I Am Ready, Warden”
“O Incidente”
“Instruments of a Beating Heart”
“A Única Mulher na Orquestra” (VENCEDOR)

MELHOR CURTA-METRAGEM
“A Lien”
“Anuja”
“I’m Not a Robot” (VENCEDOR)
“The Last Ranger”
“The Man Who Could Not Remain Silent”

MELHOR CURTA-METRAGEM DE ANIMAÇÃO
“Beautiful Men”
“In the Shadow of Cypress” (VENCEDOR)
“Magic Candies”
“Wander to Wonder”
“Yuck!”

Pesquisa e texto: Eduardo Lucena


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