A Transformação de Glenn Close e Amy Adams para Hillbilly Ellegy

A Transformação de Glenn Close e Amy Adams para Hillbilly Ellegy

No último domingo aconteceu o “Critics Choice Wards” e vibramos pela premiação de “A Voz Suprema do Blues” por Melhor Maquiagem e Cabelo. Não à toa fizemos um video poucos dias antes, pois nos surpreendemos com a entrevista da equipe de caracterização concedida para a Deadline, contando detalhes e curiosidades. E também não nos surpreendeu o prêmio de melhor Figurino para Ann Roth que foi uma super parceria da equipe (assistam no último vídeo, onde conto tudinho!).


Clique acima para conferir o vídeo onde falamos do processo de transformação de Viola Davis na mãe do blues.

Como já demos créditos suficientes à  “Ma Rainey´s Black Bottom”, mesmo antes de ter sido contemplado, nesta semana resolvemos falar sobre outro título, que consideramos não ter tido o destaque que merecia: Hillbilly Ellegy (Era Uma Vez um Sonho), apesar de também ter sido indicado à Melhor Maquiagem no Critics Choice.

Indicações:

Critics Choice Award

Melhor Atriz Coadjuvante: Glenn Close

Prêmio do Sindicato dos Atores

Melhor Atriz Principal: Amy Adams

Melhor Atriz Coadjuvante: Glenn Close

Prêmio Globo de Ouro

Melhor Atriz Coadjuvante em Cinema: Glenn Close

Critics’ Choice Award

Melhor Maquiagem

Prêmio BAFTA de Cinema

Melhor Maquiagem e Cabelo

Só de ver o trailer do filme já desperta a curiosidade: O que houve com Amy Adams que está com aquela cara de sofrida? E Glenn Close envelheceu a essa ponto e não percebemos? Mesmo nós, maquiadores, acabamos deixando nos levar por esse julgamento inconsciente até nos lembrarmos que essa mágica é fruto de nosso trabalho!

O filme, cujo título em tradução livre seria “Elegia caipira”, tem uma atmosfera densa. É uma história baseada em fatos reais, roteiro adaptado do livro autobiográfico de JD Vance. Fala, de forma dramática, sobre a vida o interior, a pobreza, conflitos familiares, drogas, tudo sob o ponto de vista dele, um menino crescendo e lutando para mudar a sua realidade e de sua família.

Por ser uma história real, o desafio do departamento de maquiagem e cabelo era de ser fiel às referências – personagens que vivem até hoje – e eles atingiram o objetivo supreendentemente. É só conferir as fotos abaixo (não deixe de ver as cenas do making of abaixo onde alguns dos personagens reais se misturam com os atores em momento de descanso no set).

Confira agora a tradução da entrevista com o time de maquiagem disponível em inglês no site www.local706.org ( Make-up Artists & Hair Stylists Guild”:

Eryn Krueer Mekash (Department Head Make-up) conta que foi indicada por outras profissionais e que logo no começo já soube que Matthew Mungle (maquiador pessoal de Glenn Close) já havia iniciado a confecção de próteses e já haviam começado os testes. Disse que sabia que o passo era audacioso, já conhecia seu trabalho e tinha muito respeito por ele e trabalhar com o diretor Ron Howard seria a realização de um sonho.

Logo recebeu as referências dos personagens reais e de pronto pensou em aumentar o nariz da Amy, o que foi bem recebido pela atriz, que marcou o teste de pronto. Dave Anderson da AFX fez os transfers para serem usados em seu look de “Ohio anos 97”, somados ao envelhecimento e danos do sol refletindo em sua estética a vida sofrida.

Ela conta do privilégio de trabalhar com a responsável pelos cabelos (hair department head ) Patti Dehaney, que já havia levado o Oscar de Melhor Cabelo e Maquiagem com Amy por “Vice”. Ficou encantada com as perucas de Amy e Glenn e conta o quanto ficou extasiada por criarem esses personagens juntos, e uma coisa era fato: todos queriam que as atrizes ficassem muito diferentes de tudo o que já haviam feito no cinema até ali.

Assim que soube que cuidaria da maquiagem de ambas, se deu conta que precisava de uma assistente completa, que pudesse trabalhar com beleza, próteses, airbrush e que fosse muito boa em cobrir tatuagens.

Discutindo com o protético, chegaram ao nome de “Jamie Hess” para “key make-up”, pois ele já tinha trabalhado com Glen algumas vezes.

Ela relata sua preocupação com as tatuagens do ator principal. Para “Um cara grande com tatuagens grandes” precisaremos da ajuda do figurino com camisas de mangas longas e encarar cobrir diariamente as tattoos dos dedos, junto com outro profissional, Devin Morales, que já havia trabalhado com Haley Bennett (que interpreta a irmã do protagonista).

Foi necessário orquestrar um estudo de aplicação muito preciso para que o cronograma seguisse de forma organizada e que os outros atores não ficassem muito tempo esperando um ao outro.

Glenn começava diariamente pela colocação da peruca, para então começar a aplicação das próteses, e ela se dividia com Jamie, cada um aplicando uma orelha… Enquanto um pintava uma mão o outro aplicava a prótese do nariz, etc.

Em seguida chegava Amy para a aplicação da peruca com Patti, enquanto Eryn terminava a pintura com a maquiagem à base de álcool (h PPI Skin Illustrators e Greg Cannom’s Tuttle Creme) para garantir as marcas de idade, pintas, verrugas, rosácea, etc.

O nariz da Glenn era de silicone encapsulado e as orelhas de gelatina cênica. E assim iam alternando entre Glenn e Amy para a aplicação de próteses.

Dave Anderson ficou por conta das próteses de Amy a partir da cópia de um “life casting” que já existia, cedido porChris Gallaher”. Isso ajudou muito porque Amy não estava na cidade e era necessário já começar a confecção das mesmas sem a presença dela. Lembrando que tivemos dois momentos da personagem com caraterísticas diferentes. Uma em 1997 e outra em 2012 (ao assistir o filme é possível ver a mudança de tempo através da maquiagem dela).

Para a versão de 2012, houve a necessidade de intensificar os elementos de envelhecimento. Mais pintas, rugas, olheiras, vermelhidão e até envelhecimento das mãos. Ela usou também jogo de luz e sombra para engordá-la, principalmente no pescoço.

Já para Glenn, o aspecto de doente, fora aparentar o calor e a humidade do local.

Eryn fala que precisou contar com uma equipe de maquiadores locais que cumpriu talentosamente a missão.

Ela termina dizendo que Hillbilly Elegy foi um grande desafio e um dos projetos mais importantes em que ela trabalhou.

THE PROSTHETIC MAKE-UP  by Matthew Mungle | Prosthetic Make-up Designer for Ms. Close

Matthew conta que foi convidado pela própria Glenn e que ela participou na escolha das próteses e processos da maquiagem de efeitos (que bacana a atriz conhecer tão a fundo o nosso trabalho. O cinema só tem a ganhar com essa troca de experiências!).

Inicialmente ela achava que apenas uma prótese da ponta nariz seria suficiente. Mas consegui convencê-la, após algumas pesquisas, de fazermos o nariz inteiro e as orelhas. Eu já tinha seu “face casting” de quando fizemos o longa “Albert Nobbs”. Ela participou dando feedbacks, inclusive, das esculturas.

(Para quem não sabe o que é “face casting” e o que tem as “esculturas” a ver com maquiagem, é só conferir os nossos vídeos anteriores, em que entrevistamos a maquiadora realista Mari Figueiredo (bate-papo com ela abaixo) e o protético Marcio AMP.

A Mari dá vários cursos (eu mesma já fui sua aluna), acompanhe as redes sociais dela. Além disso, a Dri Lopes vai ensinar essas técnicas no curso que tá rolando com a  em nossa sede em SP).

Matthew conta que fez o teste na própria casa da Glenn em NY e, por sorte, o diretor mora perto dela e conseguiu acompanhar. Todos ficaram extasiados com o resultado.

Mesmo tendo o life casting, achei necessário realizar melhorias então resolvi tirar um novo molde das orelhas e nariz, especificamente. Uma curiosidade é que, ao fazer o casting do nariz, resolvemos deixa-la respirando pela boca para que tivéssemos o molde perfeito das narinas (isso que é atriz, hein????)

Depois disso é que soube a respeito da contratação da chefe do departamento Eryn Krueger e fiquei feliz que as próteses seriam aplicadas com precisão e o cuidado que precisava, foi um alivio!

Para conferir a entrevista completa em inglês (que está super legal, extremamente detalhada em técnicas, dicas e produtos usados), acesse: The Making of Hillbilly Elegy – Local 706



Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *