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CULTURA

Mulheres no cinema: a representatividade que ainda falta

24 de fevereiro de 2019

Hoje acontece o Oscar, a premiação mais importante do cinema internacional. Apesar de estarmos ansiosos para ver quem serão os vencedores, precisamos falar sobre uma coisa muito importante: a representatividade feminina no cinema. Este ano não haverá premiação para diretoras, cinegrafistas, editoras e até artistas de efeitos visuais. Dos 41 indicados para as 4 categorias acima, nenhuma é mulher.

Em 91 anos de Oscar, Kathryn Bigelow foi a única mulher a ganhar o prêmio de direção pelo filme “Guerra ao Terror”, e apenas outras quatro mulheres foram indicadas. Durante todos esses anos, as mulheres representam apenas 5% dos indicados para melhor direção, mesmo que tivessem 20 diretores na categoria, seriam poucas as chances de ter uma mulher na lista.

O Academy Awards não é o único a faltar com a representatividade. O Festival de Cannes premiou apenas duas mulheres com a Palma de Ouro. A primeira vencedora foi Yuliya Solntseva por “A Epopéia dos Anos de Fogo”, em 1961 e a segunda vitória aconteceu 56 anos depois, a diretora Sofia Coppola ganhou com o filme “O Estranho Que Nós Amamos” em 2017.

Um grupo da Universidade do Sul da Califórnia que avalia a caracterização dos personagens com fala ou nome nos 100 filmes de maior bilheteria nos Estados Unidos, apresenta seus estudos feitos de 2007 em diante. De acordo com a pesquisa, mulheres representaram apenas 7,3% dos diretores em 2017, embora seja um aumento em relação a 2016, quando a porcentagem ficou em 4,2%. A pesquisa mostra que a presença feminina por trás das câmeras está estagnada. A proporção chega a 22 cineastas do sexo masculino para cada profissional feminina.

O mesmo estudo ainda aponta que atrizes têm três vezes mais chance do que atores de serem mostradas em roupas reveladoras, ou com alguma nudez. A desvalorização do trabalho da mulher está presente desde a formação até o ingresso no mercado de trabalho. Este fato, sem dúvidas, determina a dificuldade que temos em produzir conteúdo mais realista em relação ao mundo feminino.

“Como em todas as profissões, temos que superar os homens, tanto pela falta de oportunidade quanto pelas questões relacionadas à força física. Carregar muito peso, por exemplo, é uma das grandes dificuldades do maquiador cinematográfico e são poucos os profissionais que se disponibilizam em ajudar”, é o que a maquiadora de cinema Mirella Oliveira nos conta. “Outro grande desafio é sermos ouvidas nos sets de filmagem, em grande maioria sendo liderados por homens. Temos sempre que gritar mais alto para termos voz”, conclui.

Além do seu trabalho por trás das câmeras de grandes publicidades como Coca-Cola, Boticário e Netflix, ela também participou de produções de longa-metragem, como o filme Abe que teve a sua estreia mundial e abriu o Sundance Film Festival 2019. Um fato interessante, é que a chefe do departamento de maquiagem da produção do filme era uma mulher, a maquiadora Bruna Nogueira. Estar em produção é um trabalho incrível, mas pensando em dar uma voz a mais para o seu trabalho, Mirella fundou o blog “Maquiagem no Cinema“.

Apesar de estarmos falando em âmbito internacional, ainda temos essa questão cultural no Brasil, quando esse lado é questionado ela nos direciona para a falta de acesso à cultura, o pouco investimento que temos na educação. “Quanto mais educação e cultura, maior a possibilidade de questionamento e respeito ao próximo. Infelizmente ainda temos muito o que aprender com os países mais desenvolvidos”, aponta Mirella.

O espaço conquistado pela mulher é com muita luta, a indústria cinematográfica exige muito de quem se dispõe a entrar nela. “Conheço profissionais, muito próximas de mim, que desistiram do sonho de trabalharem na indústria cinematográfica porque o marido tem ciúme ou porque não consegue conciliar todas as responsabilidades domésticas, considerando as longas jornadas, viagens e madrugadas adentro”, finaliza.

Nosso espaço é conquistado só por quem luta muito, são essas questões que nos diminuem em relação ao homem, podemos levar em consideração o quanto que ainda precisamos ser valorizadas quando ingressamos na profissão. Assim como a Mirella, todas nós apenas queremos o devido respeito e reconhecimento. Tanto os homens quanto as mulheres devem entender que existe sim a desigualdade, nossos gêneros não definem a capacidade profissional e isso deve ser considerado ao nos darem oportunidades.

Fonte: Blog Cabideiro

Agradecimentos: Vitoria Borgi,
Bruna Nogueira e Hollywood Makeup Lab


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