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DICA NO STREAMING: ‘Carol’ (Prime Video)

DICA NO STREAMING: ‘Carol’ (Prime Video)

Considerado um dos melhores filmes de temática LGBTQIA+ de todos os tempos, “Carol” pode ser conferido na plataforma Prime Video, da Amazon. Premiado em Cannes e indicado ao Oscar em seis categorias — incluindo Melhor Atriz, para Cate Blanchett — o drama romântico vai completar 10 anos e conta com delicado trabalho de maquiagem e penteados.

Dirigido por Todd Haynes (de “Longe do Paraíso” e “Não Estou Lá”), o filme foi aplaudido de pé em sua estreia no Festival de Cannes, de onde Rooney Mara saiu com o prêmio de melhor atriz em 2015. No ano seguinte, o romance proibido entre as personagens de Mara e Blanchett foi anunciado em primeiro lugar no ranking de 30 Melhores Filmes LGBT de todos os tempos criado pelo British Film Institute (BFI).

O tradicional instituto de cinema britânico realizou uma grande enquete com 100 especialistas — entre curadores e críticos — para selecionar os grandes longas de temática LGBT da história do cinema. “Carol” ficou à frente de títulos como “Weekend” (em 2º), “Felizes Juntos” (3º), “O Segredo de Brokeback Mountain” (4º) e “Garotos de Programa” (em 10º lugar), entre outros.

“Carol” é uma adaptação do romance “The Price of Salt”, escrito por Patricia Highsmith sob o pseudônimo de Claire Morgan e lançado em 1952, a partir de experiências pessoais da autora de “O Talentoso Ripley”, na Nova York dos anos 1950.

Na trama, Therese Belivet (Mara) é uma jovem aspirante a fotógrafa que leva uma rotina entediante como vendedora na seção de brinquedos de uma loja de departamentos. Até que um dia ela conhece a elegante Carol Aird (Blanchett), que busca um presente de Natal para sua filha. Em processo de separação do marido (Kyle Chandler), Carol também não está contente com sua vida. De classes sociais diferentes, as duas se aproximam cada vez mais, afetiva e sexualmente, desafiando as regras de conduta estabelecidas pela sociedade da época.

Assim como em “Longe do Paraíso” (2002) e na minissérie “Mildred Pierce” (2011), também produções de época, Haynes conduz a narrativa com extrema sutileza e atenção aos detalhes, ao que “não é dito” — expresso nos olhares repletos de significado (e paixão reprimida) das protagonistas.

Os penteados e maquiagem de Therese e Carol ajudam a definir o estágio em que cada personagem está na história

Muito mais do que a alcunha pejorativa de uma história de amor lésbico, “Carol“, com suas cenas e diálogos repletos de subtexto, trata mesmo é da sensação de ser diferente, de solidão e da luta
inútil para frear o próprio desejo.

Bastidores

Haynes tem como hábito montar um livro com fotos, reproduções de pinturas, stills de filmes e jornais, entre outras referências para a concepção visual de seus projetos. Essas imagens servem de guia para a equipe criativa, composta pelo DP (diretor de fotografia), designers de produção, cabelereiros, maquiadores e figurinistas. Segundo o diretor, esse guia é uma forma de comunicar, para além das palavras, as referências visuais — como a paleta de cores — e o sentimento e tom do filme.

Com “Carol” não foi diferente. Haynes e sua equipe tiveram como referência o trabalho dos fotógrafos Saul Leiter, Ruth Orkin, Esther Bubley, Helen Levitt e Vivian Maier nos anos 1950. Artistas fundamentais para guiar a primorosa direção de fotografia de Edward Lachman (indicado ao Oscar neste ano por “Maria Callas”), os figurinos de Sandy Powell (com quem Haynes já havia trabalhado em “Velvet Goldmine” e “Longe do Paraíso”), a maquiagem de Patricia Regan e os penteados impecáveis do hairstylist Jerry DeCarlo.

Como outras estrelas de sua grandeza, Cate Blanchett levou para a produção sua maquiadora pessoal, a escocesa Morag Ross (na foto, com a atriz em “Carol”), que a acompanha desde “Porque Choram os Homens” (2000) e que já levou o Bafta por “O Aviador”. Seu último trabalho pode ser conferido em “O Quarto ao Lado”, de Pedro Almodóvar, no qual demonstra de forma sutil a degradação física da personagem de Tilda Swinton.

Outra incrível parceria de Blanchet com Morag Ross: a maquiadora ajudou a criar as 13 (TREZE !) personas da atriz em “Manifesto” (2015), filme-ensaio rodado em Berlim no intervalo de apenas 12 dias

DICA DA MIRELLA: No video abaixo, Lou Pohl analisa como a maquiagem e penteados — combinados com os figurinos — ajudam não só a construir as caracterizações das protagonistas mas também sua evolução e mudanças ao longo da história. Pohl detalha, por exemplo, como a personagem de Rooney Mara aparece inocente e colegial na primeira parte, usando apenas batom e uma franja, para depois se tornar, na parte final, mais sofisticada, com novo corte de cabelo e maquiagem mais marcada. Tanto os figurinos como os penteados e maquiagem ressaltam as diferenças sociais entre elas.

CURIOSIDADE: Embora premiada como melhor atriz em Cannes, Mara concorreu ao Oscar de coadjuvante, mesmo tendo mais tempo em cena — 6 minutos — que Blanchett, indicada na categoria principal. Mara perdeu o prêmio, mas oficialmente quebrou o recorde de atriz coadjuvante indicada ao Oscar com mais tempo na tela: 71 minutos no total. A recordista anterior era Tatum O’Neal, por “Lua de Papel” (1973), com 66 minutos.

Pesquisa e texto: Eduardo Lucena



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