Destaques e novidades da área no mercado audiovisual, além de curiosidades e notícias sobre cinema e TV

Série And the Oscar Goes to… ‘Rede de Intrigas’

Série And the Oscar Goes to… ‘Rede de Intrigas’
Agora disponível no Prime Vídeo, o clássico de 1976 conquistou quatro estatuetas do Oscar e marcou época com sua crítica ainda atual ao sensacionalismo na TV.

Por Eduardo Lucena

Dirigido por Sidney Lumet, o filme foi profético ao abordar a linha tênue entre jornalismo e entretenimento. À frente de seu tempo, antecipou o aumento dos programas de variedades (como os reality shows) e a redução do jornalismo na programação das emissoras de TV.

Com experiência em programas televisivos, assim como Lumet, o dramaturgo e roteirista Paddy Chayefsky escreveu esse que é considerado um dos melhores roteiros já escritos – uma farsa sarcástica que expõe a influência da audiência sobre a linha editorial televisiva. Se você não entreter, não será ouvido.

“Rede de Intrigas” levou os Oscars de Melhor Atriz (Faye Dunaway), Ator (Peter Finch), Atriz Coadjuvante (Beatrice Straight) e Roteiro Original. Concorreu ainda a Melhor Filme, Direção, Ator (William Holden), Ator coadjuvante (Ned Beatty), Fotografia e Montagem.

Em cena, Faye Dunaway como uma executiva de TV sem escrúpulos

Com duas semanas de ensaios antes das filmagens – marca de Lumet, diretor de “Um Dia de Cão” (1975) e “O Veredicto” (1982) –, o elenco conseguiu lapidar as características dos principais vértices da trama, membros da fictícia emissora UBS: Diana Christensen (Dunaway), diretora de programação, sem escrúpulos ou moral, para ela “TV é espetáculo”; Max Schumacher (Holden), veterano diretor da divisão de jornalismo, e um raro sopro de consciência na história; Howard Beale (Finch), de apresentador de noticiário a “profeta maluco das massas”, a loucura em que se tornou a própria TV; e Frank Hackett (Robert Duvall), executivo-chefe da emissora, para quem tudo é um grande negócio.

Sofrendo pressões internas, Beale torna pública sua insatisfação não só com a emissora, mas com todo um estado de coisas e, num programa ao vivo, começa a contar as piores verdades em rede nacional. Sua ira contra “o sistema” ganha o apoio da audiência, para surpresa da emissora, que resolve capitalizar e explorar o sucesso do apresentador.

Perguntado sobre qual seria a mensagem do filme, Chayefsky respondeu na época de seu lançamento: “Como você preserva a si mesmo num mundo em que a vida não vale muito?”. Segundo ele, o roteiro não é apenas sobre a TV, mas como cada um é corrompido ao longo da trama – que seria cômica, se não fosse tão assustadoramente real hoje.

VENCEDOR DE 4 ESTATUETAS:

MELHOR ATOR: Peter Finch (1912-1977)

Sabendo que os produtores de “Rede de Intrigas” preferiam um ator estadunidense para o papel, Finch gravou uma fita dele imitando um âncora da TV americana.

Com sólida formação nos palcos, atuou na companhia teatral de Laurence Olivier antes de se destacar em filmes como “Domingo Maldito” (1971) e a refilmagem de “Horizonte Perdido” (1973). Faleceu de um ataque cardíaco em 14/1/1977, antes da vitória na cerimônia do Oscar.

MELHOR ATRIZ: Faye Dunaway

Entre as décadas de 1960 e 1970, a atriz personificou a nova mulher surgida com a revolução sexual: independente e transgressora em filmes de sucesso como “Uma Rajada de Balas” (1967) e “Chinatown” (1974), pelos quais foi indicada ao Oscar, antes de ganhar a estatueta pelo papel de Diana Christensen, inicialmente pensado por Lumet para Vanessa Redgrave.

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE: Beatrice Straight (1914-2001)

Com longa carreira no teatro americano, a atriz tem a atuação mais curta a ganhar um Oscar: cerca de 5 minutos e 40 segundos. No filme, ela se destaca basicamente em apenas uma grande cena dramática, na qual confronta o esposo adúltero.

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL: Paddy Chayefsky (1923-1981)

Vencedor do Oscar também pelos roteiros de “Marty” (1955) e “Hospital” (1971), o roteirista defendeu até o fim suas ideias em “Rede de Intrigas”, lutando contra mudanças no texto e aprovando até o elenco – vetou, por exemplo, a escalação de Vanessa Redgrave para o papel que ficaria com Faye Dunaway, pois discordava das posições políticas da grande atriz inglesa.

Grande amigo de Bob Fosse, Chayefsky ganhou uma versão ficcional na minissérie “Fosse / Verdon” (2019), sobre o diretor de “Cabaret”.



Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *